BRANDING
Neurodesign: a ferramenta para uma experiência de branding completa.
Você já se sentiu bem observando imagens, marcas e produtos, e consequentemente teve vontade de adquirir o que estava vendo? Esse é o trabalho do Neurodesign.
E o que é Neurodesign, então?
O Neurodesign é um ramo da ciência que estuda o design de forma que estimule visualmente o sistema nervoso central, influenciando no comportamento humano. É o estudo de como nossa mente se comporta diante de certos estímulos visuais.
É uma mistura dos estudos da Neurociência e da Psicologia. A Neurociência, por sua vez, é um ramo que se dedica a estudar o Sistema Nervoso Central, enquanto a Psicologia, é a ciência que trata estados e processos mentais, assim como o comportamento humano. Ou seja: de um lado, estuda-se as partes do cérebro que recebem determinados estímulos, enquanto de outro, analisa-se como o ser humano reage comportamentalmente após receber esses estímulos.
Logo, como é sabido que o cérebro corresponde a tais estímulos, cientistas vem estudando as maneiras de aplicar essas reações de forma positiva no design e na publicidade. Essas reações favorecem o branding, o marketing e as vendas como um todo.
Trabalhos de branding elaborados de forma assertiva, que utilizam imagens, cores, sons e aspectos que, comprovadamente, despertam e aguçam o desejo e os sentidos do ser humano, são mais vendidos e geram mais lucratividade do que produtos que são promovidos de forma simples, sem visar despertar emoções, vontades e sentidos. E mais: são coisas que fazem com que nós, enquanto compradores, observemos imagens, produtos, e possamos nos sentir curiosos, instigados, com vontade, encantados e cativados vendo aquilo.
E sabe por que nos sentimos dessa forma?
É aí que entra puramente a neurociência!
O sistema nervoso desperta a curiosidade em muita gente. E o funcionamento do cérebro? É o mistério que mais queremos desvendar. E é justamente a Neurociência que desvenda tudo isso, através de experimentos e análises.
A Neurociência é uma área que, além de ter muito a somar com suas descobertas e inovações científicas, possibilita que marcas e empresas se beneficiem, conectando-se e engajando-se mais ao público. Isso porque analisa e determina formas de lidar com o ser humano.
Esta ciência estuda aspectos como a maneira que o sistema emocional atua no organismo, como funciona a memória, como lidamos com fatores como a ameaça e o desejo. A Neurociência também explica doenças, consciência, sonhos, o efeito de drogas e outras substâncias, estudo de liberação de hormônios como a ocitocina e de neurotransmissores como a dopamina.
Por exemplo, através da neurociência é possível entender quais fatores ou estímulos fazem com que a dopamina seja liberada no cérebro, causando uma sensação de prazer. Portanto, se determinado estímulo visual de uma marca, que tem o potencial de liberar o neurotransmissor dopamina, for apresentado ao público, esse público sentirá prazer ao entrar em contato com essa marca, e voltará sua atenção para ela, eliminando qualquer atração por outras.
E para isso, primordialmente, é preciso utilizar ferramentas visuais de atração. Daí a importância da neurociência somada ao design, ou seja, do Neurodesign.
Na prática, o Neurodesign funciona da seguinte forma:
Determinada marca, produto, serviço, campanha são estruturados através da criação de elementos cognitivos, ou seja, elementos que fazem sentido, e se conectam rapidamente ao entendimento de nosso cérebro. Esses elementos, intencionalmente, são mais fáceis de serem percebidos e compreendidos, e são facilmente considerados agradáveis. A partir daí, é possível escolher de forma certeira os designs que serão promovidos no mercado e divulgados para o público.
Isso deve ocorrer para que o cérebro processe as informações de forma mais fluente. O cérebro tem uma tendência a buscar fazer menos esforço para assimilar as informações. Sim, digamos que o cérebro seja preguiçoso: ele compreenderá melhor aquilo que estiver disposto de forma mais simples, organizada e conectada. Ou seja, uma imagem, ou uma imagem que tenha conceito, dipostas de forma prática, são mãos fácil e rapidamente compreendidas pelo cérebro. Essa rápida compreensão, gera um sentimento de familiaridade no observador. Esse processo se chama fluência de processamento.
“O cérebro humano representa apenas pequena parte da massa corporal, mas consume muita energia. Para compensar esse desequilíbrio, ele evoluiu de maneira a minimizar o consumo de energia, a exemplo do modo de economia de energia dos computadores, dos dispositivos móveis e dos eletrodomésticos”, segundo Darren Bridger, em sua obra “Neuromarketing: como a neurociência aliada ao design pode aumentar o engajamento e a influência sobre os consumidores”. É a partir desses estudos que o design minimalista trabalha, analisando as formas como o cérebro compreende e reage a estímulos visuais.
Dessa forma, designers devem tomar cuidado para não sobrecarregar o público de informações, que peodem afetar a tomada de decisões na hora da compra. Ainda de acordo com Darren Bridger, isso é chamado de carga cognitiva pelos psicólogos. “Se estivermos tomando uma decisão de compra e houver muitos fatores a levar em conta, como ponderação de preços, atributos, frequência de uso, trade-offs, etc., a ponto de sobrecarregar o sistema, é possível que sejamos induzidos a deixar que a mente do inconsciente, tome decisões intuitivas”.
Para o design no geral, e principalmente na criação de marcas, não sobrecarregar cognitivamente o público, através de estímulos simples, que causem boas sensações, e um sentimento de familiaridade, é fundamental.
E como aplicar esse conhecimento no branding?
Para o universo do branding, o Neurodesign é um fator responsável por introduzir sensações únicas na divulgação de uma marca, trazendo mais sensibilidade, mais conteúdo, mais embasamento e muito mais conexão com o público. Criar marcas inovadoras, apaixonantes, que criem interesse e desejo no público, atraindo-o para determinada experiência de marca, é um trabalho que requer conhecimento e estratégia.
Um exemplo claro disso é nada menos que… a Disney! Todo aquele cenário temático envolvente dos parques, a atmosfera imersiva, as cores, os cheiros, os sons, a identidade visual e verbal… Quer uma experiência de branding mais real e com tanta magnitude quanto essa? Pois pode ter certeza que o Neurodesign está por trás de tudo isso.
Na criação da identidade visual de uma marca, por exemplo, optar por cores que contenham significado, e criem conexão com o público, é essencial. O mesmo pensamento se aplica a formas, ícones gráficos tipografia, pattern, perfil de imagens e tom de voz.
Ao estruturar uma paleta de cores, utiliza-se a cor que mais combina com a personalidade da marca, que tenha conceitos que se conectem às pessoas. Um exemplo disso, é a paleta de cores da marca Boltis, que é uma central de inteligência de mercado que trabalha com um método inovador de análise de dados, atualizados em tempo real e com base no comportamento do consumidor. As cores usadas na paleta têm tudo a ver com a marca, e tem significados que fazem sentido para o público. Escolhemos o roxo como cor principal, pois ele transmite inteligência, criatividade, acessibilidade, e trouxemos o amarelo, o azul e o laranja para a paleta de apoio. Essa composição criou uma atmosfera fantástica para a marca, deixando-a mais leve, divertida, humana, quente, moderna.
Quando falamos em formas e ícones gráficos, devemos desenvolver formatos que tenham lógica e coerência com aquilo que a marca quer passar. Formas coloridas, divertidas e alegres de se observar são muito válidas. A marca Coxinhaz, desenvolvida pelo Estúdio Roxo, é uma empresa especializada em salgados de festa, conta com formas e elementos gráficos que remetem aos salgadinhos que produz. Os ícones são tão coloridos, com cores quentes, que basta observá-los por alguns segundos para sentir fome.
A tipografia, muitas vezes passa batido em questão de Neurodesign. Porém, mal sabe o público que o formato e a combinação das letras são responsáveis por traduzir toda a essência de uma marca, e claro, conectar e atrair o público. Serif, Sans Serif, Comic Sans, Manuscrita, são alguns exemplos de grupos tipográficos que figuram diferentes estilos e significados de letras. Serif, por exemplo, é um grupo tipográfico que representa letras mais tradicionais, enquanto Sans Serif representa letras mais modernas.
Quanto ao pattern, podemos exemplificar com o case de Mobilize, uma empresa de personal trainer voltada para mulheres. O ícone da marca, que é um M, foi usado repetidamente para construir o pattern, para dar a ideia de movimento. A repetição, junto ao formato contínuo da letra M, somado à cor amarela da marca, causam a sensação de vontade de se movimentar, de se aquecer, de se colocar em ação, para quem observa. Essa sensação alinha-se ao propósito da marca.
Já a marca Congelatto, também desenvolvida pela Roxo, figura um exemplo incrível de perfil de imagens atreladas ao Neurodesign. A Congelatto, que é uma empresa de alimentos congelados, tem uma mentalidade de imagens coerente com a mentalidade de marca: carinho, tradição, capricho e muito amor. Portanto, suas fotos são retratadas por doces e salgados quentinhos e deliciosos, sempre acompanhados de um cafezinho, para despertar o aconchego de um alimento fresco, e consequentemente, a fome.
Por fim, o tom de voz, não menos importante, muitas vezes não se apresenta de forma visual, mas é importantíssimo para construir uma marca que desperta sensações. Pensando em estratégia com fundamento em Neurodesign, a Pizza For Fun, uma pizzaria que tem como diferencial seus alimentos sem glúten, é a marca certa para ser abordada. O tom de voz é jovial, “da galera”, que se engaja com a diversidade. Ao ouvir ou ler o jeito como a marca se comunica, sensações são despertadas no público, que se sente identificado. Não é visual, mas sim, é Neurodesign. Afinal, a comunicação de uma marca faz parte ativa do mundo do branding.
Logo chegamos a conclusão que implementar conhecimentos em Neurodesign na criação de uma marca é essencial para conectar o público
A preocupação em criar elementos visuais significativos, que cativem as pessoas através dos sentidos, despertando sua curiosidade e interesse, torna o trabalho de branding muito mais cativante e apaixonante.
E cativar o público é fazer com que ele se sinta bem diante de uma marca.